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Foto do escritorPor: CARLOS da ÚNICA

Mais de 400 padres e bispos emitem manifesto contra Bolsonaro

Segundo o documento, presidente "usa e abusa da fé como palanque político e tenta reverter suas seguidas derrotas políticas apelando à religião"



O candidato à reeleição à Presidência Jair Bolsonaro (PL) foi acusado por mais de 400 padres e dez bispos católicos de ter profanado o Santuário de Nossa Senhora de Aparecida. O manifesto trata da presença dele no evento no município de Aparecida do Norte, na última quarta-feira, 12, Dia da Padroeira do Brasil. Bolsonaro foi recebido no local com vaias e aplausos. O manifesto foi encaminhado ao arcebispo local, Dom Orlando Brandes na última quinta-feira, 13. O reitor do santuário de Nossa Senhora de Aparecida, o padre Carlos Eduardo Catalfo, também recebeu o documento.


O texto é intitulado “O que é de César a César, e o que é de Deus a Deus (Mt 22,21)” e foi subscrito por religiosos que integram os coletivos Padres Contra o Fascismo e Padres da Caminhada. No comunicado, os signatários repudiam o fato de Bolsonaro ter feito a leitura do Livro de Ester e da Consagração à Nossa Senhora Aparecida em uma das celebrações que comemoravam o Dia de Nossa Senhora Aparecida no Santuário, no dia 12.


Fins politiqueiros

Bolsonaro, segundo os religiosos, “profana a fé no Deus da vida fazendo uso dela para meros fins politiqueiros e vilipendia o Evangelho de Jesus de Nazaré que veio para que todos ‘tenham vida e a tenham em abundância’ (Jo 10,10)”, destacaram. Salientaram ainda que “não pela primeira vez”.


O texto ainda afirma que o presidente “não tem nada de católico, nem de cristão, nem sequer de humano. É um facínora!”. “Ele usa e abusa da fé como palanque político; tenta reverter suas seguidas derrotas políticas apelando à religião. Não, Jair Bolsonaro não é religioso. Ele perverte o ensinamento evangélico porque quer dar a Deus o que é do perverso César (Mt 22,21). Jair Bolsonaro não é de Deus!”, sentencia a nota.


O padre Walmir Garcia dos Santos, pároco da Nossa Senhora da Guia em Goiânia/Trindade, lembra que o Evangelho deve ser praticado no cotidiano, e não usado apenas como moeda eleitoreira. “A igreja deve fazer o seu papel de evangelizar e o Evangelho não é água com açúcar. A mensagem não é manifestar somente um Jesus manso e humilde, mas também da Justiça, um equilíbrio da fé. Além disso, a religião não pode ser usada para promover políticos, seja de um lado, quanto do outro. Vamos usar o bom senso”, alerta aos fiéis, em entrevista ao Jornal Opção.


Esperança x indignação

Se de um lado, as palavras de Dom Orlando proferidas horas antes da chegada de Bolsonaro em uma das missas no santuário “reacendem a esperança”, os sacerdotes afirmam que as atitudes do presidente no Santuário “acendem a indignação”.

O manifesto questiona como alguém como Bolsonaro pode consagrar “o povo brasileiro à Mãe Aparecida”. Lista o que chama de descaso do presidente com a pandemia, as suas ações contra os povos originários, afrodescendentes, mulheres e LGBTQIA+. Os elogios de Bolsonaro à ditadura militar e aos torturadores também não foram esquecidos.

Em sua reflexão, Dom Orlando fez críticas à corrupção e clama por uma república sem mentira e sem fake news. Em uma referência à política de Bolsonaro, o arcebispo ainda sentenciou: “Para ser pátria amada, não pode ser pátria armada”.


Hipocrisia

Outra contradição apontada pelo documento enviado à Aparecida é o fato de Bolsonaro ter recebido a Eucaristia apesar de ter renegado seu batismo na Igreja Católica ao se batizar no Rio Jordão pelo pastor Everaldo, preso pela Polícia Federal por desvios de recursos no Rio de Janeiro. “Ou bem assume um credo ou outro e não fique usando-os para seus mesquinhos fins”.


“Agente de Satanás”

O bispo emérito Dom Mauro Morelli, da diocese da Luz, em Minas Gerais, comentou sobre a postura do presidente Jair Bolsonaro e de seus apoiadores no Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo, na quarta-feira, 12. Segundo ele, o mandatário comportou-se como “agente de satanás”. “Com seus endiabrados seguidores deveriam ser presos em flagrante como arruaceiros”, acrescentou ele. A declaração do bispo emérito foi feita no Twitter.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou uma nota na terça, 11, véspera do feriado de Nossa Senhora Aparecida, lamentando a “intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno”.

Durante a fala que fez em Aparecida, o arcebispo da cidade, Dom Orlando Brandes disse que é preciso vencer “o dragão do ódio”, “o dragão da mentira” e “o dragão da fome”. Além disso, o arcebispo declarou que as pessoas têm de decidir se são católicas ou evangélicas.

Fonte: jornalopcao.

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