Sabrina de Oliveira Lacerda contou ao Metrópoles que levou "murros" de paciente que, mesmo sem fazer exame, exigiu atestado médico por Covid
Vítima de agressões físicas praticadas por um casal dentro de unidade de saúde em Novo Gama (GO), no Entorno do Distrito Federal, uma médica afirmou nesta segunda-feira (31/1) que está “morrendo de medo de atender”. Sabrina Ribeiro de Oliveira Lacerda, de 28 anos, sofreu traumatismo craniano leve, ao ser jogada no chão e levar murros na cabeça.
A profissional da saúde disse ao Metrópoles que foi agredida, na quinta-feira (27/1), após prescrever exame de Covid-19 a uma paciente que – mesmo sem ter feito o teste para confirmar o diagnóstico – pediu atestado médico pela doença, por apresentar os sintomas característicos. O casal, que não teve identidade divulgada, responderá por lesão corporal, em liberdade.
“Quando falei [para a paciente] que os sinais vitais dela estavam bons, ela me jogou no chão, pegando na minha cabeça, dando socos e murros. Quando percebi que ela estava me dando socos e arrancando meu cabelo, a única coisa que fiz foi gritar por socorro”, disse Sabrina. A paciente foi classificada pela triagem com a cor verde, que indica pouca urgência.
“Alterada”
A médica contou que percebeu a paciente “alterada”, assim que a chamou para ser atendida no consultório do Centro de Referência da Covid-19 de Novo Gama (GO). “Ela já chegou dizendo que estava com Covid, e solicitei o exame para comprovar antes de fazer o atestado médico, mas, imediatamente, ela já rejeitou e foi muito ríspida comigo”, relatou Sabrina.
Por segurança, a médica relatou que prescreveu o exame e, no momento em que a paciente saiu do consultório, reclamou do comportamento dela para a equipe da unidade de saúde. “Falei que estava com medo de atender a paciente novamente”, disse Sabrina ao portal.
A profissional também afirmou que pediu apoio “para apaziguar” a situação, porque a paciente não estava respondendo bem às orientações médicas.
“Ela saiu gritando muito com os profissionais e a população”, ressaltou.
Sabrina disse que foi agredida ao atender novamente à paciente, momentos depois, porque a mulher estava causando tumulto na unidade de saúde, insistindo na busca por atestado médico, mesmo sem querer se submeter ao exame.
“Jogou contra a parede”
O esposo de Sabrina, o médico Gabriel Lacerda, trabalha na mesma unidade de saúde e foi acompanhá-la no dia do episódio. No momento em que tentou socorrê-la, de acordo com a profissional, ele também foi agredido pelo marido da paciente e por outro homem.
“Ele apareceu me socorrendo, tirando ela de cima de mim. Só que, quando ele apareceu, o marido dela [paciente] deu uma gravata nele por trás, e outro cara também agrediu meu esposo. A fisioterapeuta foi separar, e ele [marido da paciente] a jogou contra a parede, pressionando-a, na altura do estômago. Ela bateu a cabeça também”, disse Sabrina.
Sabrina conta que ainda toma remédios e está sob acompanhamento de médicos por causa do traumatismo craniano. “Ainda estou passando muito mal. A minha lombar e a coluna, na região torácica, estão doendo muito. Estou muito abalada”, desabafou.
A médica não está atendendo mais na unidade de saúde por causa do medo de sofrer novas agressões. “Não estou atendendo. Já passei meus plantões”, disse ela.
Na sexta-feira (28/1), o Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF), onde a médica também tem registro, repudiou a agressões sofridas pela profissional. A entidade cobrou investigação a respeito do caso e adiantou que oferecerá apoio institucional para Sabrina.
O Metrópoles não encontrou contato da paciente e do esposo dela, que foram levados para a delegacia e assinaram termo circunstanciado de ocorrência (TCO) por lesão corporal, já que os nomes deles não foram divulgados. O casal foi liberado depois de ser interrogado. O portal também não conseguiu identificar o terceiro suspeito que teria agredido o marido da médica, mas o espaço segue aberto para manifestações.
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